domingo, 20 de abril de 2008

"Do céu vai descer uma estrela"

A fusão nuclear domesticará a reacção que ocorre nas estrelas. Empresas portuguesas poderão participar na construção de algumas fases do projecto internacional ITER.


Imagine-se um "donut" gigante, feito em metal, cujo centro tem o volume equivalente a uma piscina olímpica (2000 metros cúbicos). Em vez de água contém uma mistura de gases a muito alta temperatura (100 milhões de graus centígrados). Como mantê-la no lugar? Nenhum material fabricado pelo homem resiste nestas condições. A única solução é o anel metálico gerar um campo magnético de alta intensidade (100 mil vezes superior ao campo magnético terrestre) que aprisiona o plasma.


Domesticar esta reacção que é a que faz brilhar as estrelas, usando a energia da fusão nuclear para produzir electricidade, é o objectivo do programa internacional ITER, ao qual Portugal está associado. São 12 mil milhões de euros (o equivalente a 10 pontes Chelas-Barreiro) para construir até 2027 um protótipo funcional. Envolve a União Europeia, Suíça, EUA, Rússia, Japão, Coreia, China e Índia. Uma instalação experimental está já em construção no Sul de França, a 100 km de Marselha.


Realizaram-se dois seminários em Lisboa, no Instituto Superior Técnico, por iniciativa do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear. Aí se fez o balanço do ITER e se discutiram as perspectivas de a indústria e os investigadores portugueses se associarem ao projecto. Ainda que Portugal não tenha experiência na área do nuclear, empresas portuguesas poderão participar na construção de algumas fases do ITER. Esta é a convicção de Carlos Varandas, responsável do IFPN, associado à gestão do acordo europeu para o desenvolvimento da fusão.



Rui Cardoso, Expresso 05/04/2008


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